O tempo não cura a dor, a gente é
que se acostuma com ela... O "se" já não é possibilidade, a ausência
é real... Então costumo a mergulhar nas lembranças, lugar de onde Ela não
sai... Consigo ouvir sua voz, enxergar seu jeito de andar, sentir o cheiro da sua
comida... aquela comidinha regada no tempero, o arroz-doce, o mingau de milho,
o café coado duas vezes, o biscoito frito... Aí eu sorrio e parece que a vejo em frente a mim,
pronta para receber um abraço! Mas antes, ela tinha que limpar as mãos no
avental... As mãos pequeninas e tortas, suaves no toque, rígidas nos
conselhos... Tão pequena no tamanho e tão gigante nos gestos, na benevolência,
honestidade, honra e amor incondicional. Dia desses, quando eu estava no
supermercado, passei pela gôndola de doces enlatados. Foi quando me lembrei da
sua célebre frase: " A sobremesa é doce de pêssego com creme de
leite"... Vovó Nina achava muito chique servir pêssegos de sobremesa. Em
lata. Com creme de leite Nestlé. Não podia ser outra marca. Hoje faz quatro
anos que ela nos deixou. Sinto muita saudade... Saudade da minha avó doce!
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