quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O que dizem os Santos


O padre Durval Baranowske é um jovem sacerdote. Sua homilia é uma verdadeira bênção, ele sabe associar de uma maneira ímpar a liturgia do dia com o nosso cotidiano. É um servo de Deus que, juntamente com o padre Marcelo, vem nos apresentando formas diferenciadas de reflexão sobre as Sagradas Escrituras. Além de pároco, padre Durval também é jornalista e tem alguns livros lançados. Semanas atrás tive a oportunidade de adquirir uma de suas obras - "O que dizem os Santos." Esse livro é um compêndio de frases acerca do que pensam os santos sobre temas cotidianos. No prólogo está registrada a seguinte frase: " Aproximadamente 3000 pensamentos de 600 santos em mais de 200 atributos organizados de A a Z". Abaixo, um texto transcrito do livro do padre Durval e do padre Hélio Soares.

 ANGÚSTIA

"Quanto mais elevado é o ser, mais sofre... A vida é uma caçada incessante na qual caçadores e caçados disputam os despojos de um horrível banquete; uma espécie de história natural da dor, que se resume assim: querem sem motivo, sofrer sempre, lutar sem trégua e, por fim, morrer..."
Schopenhauer

"Quando te sentires angustiado, acredita que há saída, sem murmuração. é hora de ires invocando e rezando, sem te enterrares em queixas."
Santo Ambrósio de Milão

"As incertezas, angústias e aborrecimentos são remédios muito amargos, mas necessários à saúde  de vossa alma."
São Columba Marmion

"Não te angustias! Deus vive ainda e é fiel!"
São Camilo de Lellis

"Dá-me, Senhor Deus, uma angústia que te procure."
Santo Tomás de Aquino


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Voa Bicho



A estrofe da canção de Milton Nascimento e Lô Borges ilustrou uma fase complexa da minha vida. Remexendo em meus escritos, encontrei-a abandonada em meio a vários textos que gosto de guardar. É sempre bom reler aquilo que se escreveu há alguns (poucos ou muitos) anos atrás. Na maioria das vezes percebemos que as situações vividas hoje são bastante parecidas com aquelas de antes. Talvez porque sendo a vida um ciclo, ela sempre volte ao ponto de origem para começar tudo de novo. O texto que segue é de 2011, porém, poderia ter sido escrito em 2008, 2001, 1997, 1989...  Podemos mudar a maneira de ver o mundo, mas a nossa essência, ah! Esta nunca muda. E, antes que alguém leia e pense que estou mandando uma indireta, vai aí uma dica: quando eu tenho que falar algo de alguém eu falo diretamente com a pessoa. Não sou mulher de recados. Entretanto, se a carapuça servir, faça uma análise de consciência antes de achar que meu mundo gira em torno do umbigo de quem quer se seja.

Ah, andorinha voou, voou
Fez um ninho na minha mão
E um buraco bem no meu coração
E lá vou eu como passarinho
Como um bicho que sai do ninho
Sem vacilo nem dor na minha vez...


Ouça

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Indelével



Indelével é tudo aquilo que não pode ser apagado, extinguido, destruído. Indelével é algo permanente, como  nas palavras de Adélia Prado: "O que a memória ama, fica eterno." E é assim que a vida vai nos levando aos reencontros possíveis. Sim, porque nem todas as pessoas são dignas de serem reencontradas, relembradas, para sempre amadas. Há pessoas que são impossíveis de se conviver. Mas não é sobre essas pessoas que vim falar, não devemos gastar vela com defunto ruim. Venho falar sobre lealdade. Ontem, após 15 anos distantes, pude rever minha amiga e minha xará, Cristiane. Nos conhecemos ainda crianças, crescemos juntas, compartilhamos momentos incríveis, estudamos no mesmo colégio, formamos juntas no magistério, nos graduamos na mesma universidade, fizemos o mesmo curso e somos professoras. Muito mais que coincidências, são trajetórias paralelas vivenciadas por pessoas afins. Pessoas com afinidades, que pensam da mesma forma, agem com os mesmos critérios e sabem entender que a distância, muitas vezes imposta pelos percalços da vida, não apaga o sentimento verdadeiro, o sentimento da amizade. Pudera todas as pessoas que um dia me chamaram de amiga entendessem o real valor dessa palavra. Quisera que toda antiga amizade se renovasse no carinho e na comunhão da alegria indescritível do reencontro. E a vida, justa com os justos, me permitiu retomar esta amizade que nunca, em momento algum de todos esses anos vividos, eu me esqueci. Cris, 15 anos sem nos vermos de novo, nunca mais! Deus tem sido generoso comigo. Ele me afasta das más pessoas e me presenteia com as boas, belas, sinceras e verdadeiras criaturas, essas que posso estufar o peito e falar: "É minha amiga"!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Jabor e a Tragédia na Kiss

O cara é marrento, pedante, anti-pobre, anti-esquerda e antipático! Mas... sabe fazer um artigo como poucos! Fala o que vem na cabeça e não poupa ninguém. A seguir, trechos de sua crônica a respeito do desastre na boate Kiss, em Santa Maria, no mês de janeiro. É longo, porém, vale ser lido até o fim


Caríssimos

O holocausto de Santa Maria, ao contrário do que apregoam os babacas da subjetividade, não foi a vitória do Imprevisto sobre a Previsibilidade, nem a derrota da Precaução pelo Infortúnio. Foi, sim, a sobreposição da Idiotice sobre o Bom Senso e o triunfo da Ganância sobre a Burocracia.

Primeiro, a Idiotice se fez carne e habitou entre nós. Uma das tarefas mais simples de ser realizada é disseminar a Idiotice. Se vocês, caros putzeiros, olharem ao redor verão exemplos disso em cada esquina, em cada discurso de político, em cada propaganda de cosmético. Já assistiram um desfile de moda? São mulheres anoréxicas caminhando feito saracuras sequeladas de AVC, vestindo roupas desenhadas por bichas loucas que não seriam usadas nem por outras bichas mais loucas. Já viram o tal carnaval baiano? São milhares de retardados perseguindo, em ruas apinhadas de seus pares, caminhões carregados de pagodeiros ou seja lá quem forem, distribuindo milhares de decibéis, todos com o único objetivo de ficar bêbados o mais cedo possível e depois da ressaca dizerem que foi o carnaval mais arretado do milênio. Igual a espetáculo de rock: mais milhares de idiotas movidos a canabis e outras cositas, pulando feito jumentos com buscapés nos rabos, ao som de uma cacofonia infernal produzida por seis ou sete dementes com o uso de quatro acordes, que eles têm o desplante de chamar de música. Todo esse conjunto de estupidezes tem um único objetivo: convencer as pessoas que o que é moda é o melhor para elas, e que ’’estar por dentro’’ é a suprema felicidade, enquanto eles, os promotores da estupidez, forram a guaiaca com a grana dos felizes consumidores.

E aí chegamos nas baladas.A balada contemporânea não é apresentada em ambiente de câmara, mas numa edificação chamada boate ou casa noturna, construída segundo os mais modernos conceitos de insalubridade. Normalmente as paredes são pintadas de negro, dando o clima dark, apreciado por onze entre cada dez frequentadores descerebrados. Embora a lei proíba o uso de cigarros e assemelhados no seu interior, ambos são consumidos, na proporção de dez assemelhados para cada cigarro. Caramelos contendo anfetaminas, ecstasy e outros estupefacientes são oferecidos à clientela. Para evitar as reclamações da vizinhança pelo ruído produzido, as paredes são forradas de espuma de borracha sintética recobertas de papelão, tudo altamente inflamável, como se recomenda a um bom inferninho. Luz, há pouca. Apenas canhões de laser e alguns spots coloridos, alternando-se com flashes como os de fotografia, que disparam continuamente, de modo a ninguém perceber pela visão o que se passa a um metro do próprio nariz. Às vezes, para delírio de todos, o contínuo espocar dos flashes dispara um gatilho neurológico provocando uma convulsão epiléptica num dos baladeiros. Um outro artefato chamado Sputnik é responsável por uma imitação de fogo de artifício, produzindo faíscas altamente recomendáveis num ambiente inflamável. O tal Sputnik é uma espécie de morteiro que dispara acionado por uma faísca elétrica uma mistura de pólvora com areia refratária, atingindo a temperatura de até 3.000 graus centígrados. Levem em consideração que a platina funde a 1.750 graus e o carbono a 3.485, e verão a potência destrutiva do artefato usado por brincadeirinha.

O encarregado do barulho é um profissional altamente valorizado, conhecido pelas iniciais DJ. Nenhum dos frequentadores sabe o significado da sigla, mas todos sabem a função do DJ – produzir decibéis em quantidades amazônicas, de modo a saturar a audição dos prezados frequentadores e impedir qualquer tentativa de comunicação através da palavra. No mister de fazer barulho, conjuntos pseudomusicais chamados bandas apresentam-se quando o DJ vai esvaziar o joelho ou descolar um baseado nas coxias. Como sói acontecer, tais bandas escondem sua absoluta falta de talento entoando a milhão músicas que ofenderiam a inteligência de uma marmota com tumor cerebral e apresentando efeitos luminosos e pirotécnicos que desviam a atenção de sua infeliz parafernália cacofônica.

A segurança dos inferninhos é feita por uns caras enormes, vestidos de preto, alguns usando óculos de sol às três da matina. São ex-policiais normalmente expulsos das corporações, ex-presidiários ou lutadores de qualquer coisa. Sua função é a segurança, quer dizer, é segurar os consumidores que pretendem escafeder-se sem pagar a conta (que aqui chamam de comanda). Por isso, as casas noturnas têm uma só saída, que é também a entrada, quando todas as legislações municipais obrigam a existência de saídas de emergência. Algumas chegam a ter uma sala para onde os fujões são levados e obrigados a pagar a conta na base da porrada ou coisa pior.

Proprietários de casa noturnas são uns caras da pior espécie. Como os banqueiros (de banco ou de bicho), seu negócio é ganhar dinheiro fácil e rápido, o que significa investir pouco e aplicar na bolsa (na bolsa dos outros, é claro). Investir pouco quer dizer pagar barato por materiais de terceira categoria e burlar ou comprar a fiscalização. Por isso, o revestimento da Kiss era de papelão e espuma de poliuretano, muitíssimo mais barato, por exemplo, do que o isolamento termoacústico não inflamável baseado em nanotecnologia. E revisar periodicamente os extintores de incêndio, nem pensar. Assim, a Ganância triunfou sobre a Burocracia. A espuma de poliuretano, quando queimada, libera uma mistura letal de cianetos, ácido clorídrico e monóxido de carbono. Nem os executores de Auschwitz fariam melhor.

A mesma ganância impulsiona os donos dessas arapucas a admitirem a entrada de quantas pessoas couberem no recinto. No caso da Kiss, a boate tinha uma área de 615 m2. E, segundo as estimativas havia no seu interior entre 1.500 e 2.000 pessoas. Façam a conta, por baixo: 615:1500 = 0,41, ou seja, cada pessoa dispunha de 0,41m2 para “divertir-se”. Quer dizer um quadrado de 64 cm de lado!!! Se fossem 2.000 pessoas, o quadrado baixaria para 55 cm de lado. Longe de mim criminalizar as vítimas, mas, pelas barbas do Profeta, o que leva alguém a frequentar um lugar onde dispõe de menos de meio metro quadrado, no escuro, sem poder falar, ter a audição lesionada por decibéis incontáveis, sem saída de emergência, respirando ar viciado e pagando 15 reais pela vagabunda e quente cerveja nacional?

A consumação da tragédia deu-se por mais um ato de idiotice sem precedentes: acender um sinalizador num ambiente fechado. O resultado final foi o que se viu.

Arnaldo Jabor

Texto mandado por Humberto via e-mail.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Quero a vida sempre assim



"Um cantinho um violão esse amor uma canção pra fazer feliz a quem se ama..."

Corcovado
Tom Jobim

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Inutilidades


A vida está cheia de coisas inúteis. Um blog é uma coisa inútil. Para que ele serve a não ser para expor a pessoa que o escreve? Algumas buscas no Google poderão levar o internauta a encontrar algumas opiniões sobre cinema, cultura, variedades e só. Além disso, um blog como o meu é mais uma fonte de especulação aliada ao desejo de ser especulada. Claro, ninguém em são consciência sai publicando relatos pessoais, fotos, vídeos... Somente alguém insano faz isso. Por isso eu acho uma inutilidade escrever no blog. Primeiro, porque ele não me faz gerar renda, não ganho pelo que escrevo, não sou lida por olheiros de jornais ou revistas, tenho poucos seguidores e alguns fiéis visitantes. Talvez, eu ainda o mantenho ativo pelo simples prazer de escrever. Escrevo em blogs desde 2006. Um hábito que cultivei com o advento dos diários virtuais. O facebook engoliu os blogs. O facebook, aliás, faz de cada usuário um blogueiro, utilizando um espaço compacto e compartilhado com quem se quer. As redes sociais também são inúteis. Elas nos fazem perder muito tempo diante do computador, somos navegantes com horas extras em voyeurismo. Mas somos viciados nelas. Narcóticos cibernéticos. E ritualizamos nossa navegação - começamos cedo, tão logo nos levantamos. Vamos àquela página preferida, primeiramente. Depois, damos sequência às visitas em outras páginas, vemos os perfis das mesmas pessoas, curtimos, comentamos, compartilhamos e... Perdemos tempo! Inútil! Que tal sair, passear na praça, tomar sorvete, encontrar a vizinhança, colocar o papo em dia, ir ao supermercado, ao shopping, ao clube, à igreja, ao bar, ao mar?! Ou, simplesmente ler um livro, assistir TV, dormir?! Há uma infinidade de atividades bem mais agradáveis de se fazer do que perder tempo com as futilidades deste vasto universo online. Universo, aliás, que é virtual e, assim o sendo, como já diz o próprio nome... Nada é concreto. Frutos da nossa imaginação. Inutilidades.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013