Há muito não tenho sentido encantamentos. Sim, do verbo encantar-se. Seja por uma música, um filme, uma banda, uma pessoa, ou mesmo, um livro - minha paixão. Entre-tantos desenxabidos expoentes no cenário da vida e da arte, eis que me surge uma agradável surpresa, daquelas de onde a gente menos espera. Ele aparece todos os dias, às 18 horas, na teledramaturgia global "Meu Pedacinho de Chão". Seu nome - Irandhir Santos. Seu personagem - Zelão. De onde Benedito Ruy Barbosa foi tirar essa alcunha, não faço a menor ideia. Todas-as-vias, é certo que neste horário meu coração dispara de emoção ao entrar no mágico e super colorido mundo encantado desta fábula maravilhosa. Da professora de cabelos cor-de-rosa e estupefatos olhos azuis até o peão da fazenda do coronel aloprado Epaminondas Napoleão, tudo é encantamento. É um deleitar-se no olhar, na perspectiva humana que desperta a criança em cada um de nós. Em sua prosódia regionalista, misturando o linguajar do interior com a tradução simultânea do italianês de Antônio Fagundes e seu Giácomo, tudo é lindo! Introduzir a magia na TV é algo raro. Poucas vezes pude me apegar a horários e personagens cativantes. O dedo de ouro que transforma televisão em arte é do diretor Luiz Fernando Carvalho. O mesmo que dirigiu Hoje é dia de Maria e Capitu. Nesta minissérie, aliás (alilás, como diria Zelão), foi que me encantei por Michel Melamed interpretando Dom Casmurro. Isso já faz seis anos. Michel me hipnotizou com seu Bento Santiago. Agora, depois de um enorme hiato, o mago das telinhas vem nos presentear com o Zelão. Irandhir já pôde ser visto no cinema atuando em Tropa de Elite 2, como o defensor dos direitos humanos, o contraponto do Capitão Nascimento, de Wagner Moura. Também atuou recentemente em Amores Roubados, a belíssima minissérie transmitida em janeiro. Dessa vez ele foi o vilão. Perfeito. Irandhir é totalmente isento de cacoetes que marcam um ator. A cada personagem feito abre-se uma nova perspectiva, um novo enredo, um personagem que em nada se parece com o outro. Ele está quase irreconhecível como o Zelão. Impressionante seu jeito de atuar, ele anda como o Robocop, ele é o brinquedo, o boneco automatizado. Mas ao conhecer a professora Juliana e se apaixonar, Zelão se desapropria da vilanice e simplesmente rouba a cena. Atrai para si todos os olhares. Ele chora um choro de dor e de desespero. Embrutecido pela vida, sem saber quem fora seu pai e acostumado a receber ordens do coronel, o personagem tinha que ser mesmo robótico. Agora, despido pelo sentimento da paixão, que o deixou vulnerável, ele decidiu mudar. E a cena em que ele se transforma em um novo homem é uma das mais intensas já vistas em uma novela vespertina. Se ainda fosse os dramalhões das 21 horas, entenderia. Com-tudo, maravilhosamente bem feito, o trabalho que Irandhir está emprestando ao seu Zelão, é coisa pra ficar guardado na memória afetiva, assim como ficou Bentinho, Félix e, neste momento, Zelão. Sim, há outros personagens sensacionais em Meu Pedacinho de Chão. Somente em matéria de encanta-mentos, este último me faz viajar para um mundo que é só-mente meu. Meu pedacinho do coração. Meu suspirar de emoção. Um encantamento pelo maravilhoso Zelão!
Não deixe de ouvir a música tema do personagem Ferdinando e também o tema de Zelão
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