Tu te tornas eternamente responsável
Por aquilo que pões em cativeiro
Da FEBEM ao navio negreiro
Eu sei que assusta
Perder seus privilégios
Somos o plano europeu que não deu certo
Mas alerto:
Reduzir a maioridade
Não é questão de segurança
Isso é extermínio de criança
É genocídio de classe
Do moleque roubar o passe
Tirar a bola
É oferecer prisão e não escola
Tratar educação com escolta
Então solta
Larga o osso
Que agora não tem almoço
É fácil comer o pão
E o diabo ser o outro
Mas cai do nosso rosto
O suor de todos os dias
Tu quer ser gigante, Brasil?
Então lembra do Golias
O poder gestado pelas mãos da minoria
No país da escravidão
Ainda é branca a democracia
É a bancada da bala
E seus projéteis de leis:
Onde já se viu
Tornar-se adulto aos dezesseis?
Diga aí vocês:
O país seccionado
E a fratura está exposta
Nossa bandeira não é a mesma
Nem durante a copa
São alienistas e alienados
Querem o Brasil-condomínio fechado
Têm sangue nas mãos
E agora nos olhos
Mergulham a bíblia numa poça de ódio
Sabe,
Meritocracia é fácil
Pra quem já nasceu no pódio
Por detrás dos discursos, investimento:
São células transformadas em cédulas
Empresa de presos
Desprezo
Por qualquer matéria humana
Cunha, eu sei quem financia sua campanha
Você quer o quê?
Ser o novo Franco da Espanha?
O golpe é certeiro:
Tu quer cercar a casa grande
E pôr três porteiros?
Mas, cuidado
Com quem coloca em cativeiro.
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