sábado, 18 de janeiro de 2014

Amores Roubados


Bonito o final de Amores Roubados. Uma história seca como a paisagem do sertão. Sem alívio para vilões, Amores é o retrato de uma realidade que assistimos à nossa volta, na vida real. Cena de Patrícia Pilar saindo de maca ao som de Fagner - só uma coisa me entristece, o beijo de amor que não roubei - comovente. Roberto Cavalcanti (Osmar Prado) e Celeste (Dira Paes) mostrando a potência do perdão para reconstruir um casamento fadado ao fracasso. Elenco primoroso, interpretações perfeitas, como Osmar Prado que, apesar da doença que o acometeu, não se deixou abater e fez um personagem digno de aplausos. Sem contar a belíssima trilha sonora composta pela banda britância The xx, com as deliciosas baladas Intro e Angels (que já está como o toque do meu celular).

Excelente minissérie, como todas as que a Globo faz. Pena que alguns telespectadores querem ver final de novela, com tudo resolvido. As brechas deixadas são propositais, para que o público pense e até desenhe seu próprio desfecho. João (Irandhir Santos, perfeito), óbvio, ficou na miséria. Antônia deve ter dado continuidade ao trabalho na vinícola da família ( e não iria empregar João). Fortunato fugiu. Carolina, mãe de Leandro, passou a sobreviver do dinheiro que extorquiu do Dr. Cavalcanti. Deu a entender que sabia da morte do filho, por causa da previsão da cartomante: "Ele teria todas as mulheres e viveria muito, a não ser que se apaixonasse por alguma. Isabel, internada pelo marido por vingança,  saiu da clínica e junto com Antônia foi criar o neto. Ah, mas nada disso foi mostrado. Porém, foi o final que imaginei!

Sabe por que Shakespeare matou Romeu e Julieta? Para que o amor dos dois não se corrompesse como a convivência que o tempo impõe aos casais apaixonados. O amor se eterniza na morte, na sua não concretude. Fica no imaginário dos leitores. O amor não realizado é eterno. E assim será o amor de Antônia por Leandro...

P.S.: Amores Roubados foi uma minissérie baseada no livro "A emparedada da Rua Nova", do autor Carneiro Vilela.