sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Minha Avó Nina



Que mulher é essa? Qual era o seu segredo? O que se escondia atrás do seu olhar? O que queria nos dizer o silêncio misterioso, impresso em sua face sinuosamente marcada pelos muitos anos vividos? Ah, doce pessoa! Você e seus mistérios sem fim... Você e a sua fé inabalável, seu amor imensurável que transcendia o limite da lógica.

Por quê, doce senhora, por que de nós, tão rápido, Deus a tirou? Certamente foi para encantar o paraíso ainda mais - como se isso fosse possível. Levou-a em questão de dias e... Que dias! Todos tristes à espera de um milagre. Mas a nossa ignorância não nos permite perceber que o milagre foi feito. E você, doce pessoa, cumpriu com muita dignidade a sua missão entre nós.

Que mulher era essa? Mãe zelosa, avó adorada, esposa amada, irmã generosa, amiga honrada! A gentil senhora das panelas cheias, da comida deliciosa, cuidadosamente preparada para que nos refestelássemos com seu sabor incomparável. A senhorinha do café com o aroma mais agradável que alguém possa ter sentido. 

A encantadora velhinha com suas frases de efeito - "Mas que ideia cor-de-rosa!". O seu gosto muito especial por músicas e a preferência declarada por Besame Mucho, Fale Baixinho, Sibonei, Boate Azul. O bailado solitário das valsas e dos boleros em rodopios pela sala, como bailarina sem par. Todas ao som de fitas K7 do seu sonzinho portátil. 

Sabe quem era essa mulher? A pessoa mais querida e sensacional que alguém possa ter conhecido. Ela era minha avó e minha mãe. Nasci e me criei em seu lar. O vazio que ela deixou jamais será preenchido. Mas o tempo, caprichoso que é, nos fará entender a aceitar a sua morte, a sua passagem. Afinal, ela está logo ali, do outro lado da porta!