quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Nos Deram Espelhos...

E vimos um mundo doente!..

Hoje eu fiquei por um tempo pensando sobre o que iria escrever no blog. Alguns temas me vieram à cabeça, mas, um em especial, mexeu comigo. Trabalho com adolescentes e também tenho dois filhos jovens. Fico observando como essa "galera" age para se manter aceita nos grupos sociais.

A educação dada por alguns pais influenciam bastante na maneira de agir dos garotos e das garotas desta geração. Alguns conseguem, todavia, criar seu próprio estilo. Ainda é forte a pressão que os meninos sofrem para demonstrarem sua masculinidade. Eles aprendem, desde muito cedo, que, para provarem ser machos, necessitam, em primeira instância, ser violentos. Violentos nas palavras, violentos nos gestos, violentos com os outros. É a demência hereditária!

Via de regra, aqueles que se desvencilham destas normas pré-estabelecidas e apreendidas através de mensagens subliminares, costumam sofrer preconceitos. O mais assustador é que, meninos e meninas foras do "padrões" são duramente critidados por seus pares - os próprios colegas-, por sua família, por seus vizinhos, por seu pai e por sua mãe. Estabelece-se, então, um conflito de ideias neste sujeito em construção, que chega a níveis estratosféricos, a ponto de uma criança necessitar de ajuda psicológica devido à incompreensão do seu modo vivendis.

Às meninas, foi determinado que devem gostar de Barbies, serem magras, terem cabelos chapados, usarem cor-de-rosa, brincarem de boneca, e etc., etc., etc. A maioria delas consegue seguir esta linha de conduta imposta pela sociedade. Ainda bem que estamos no ocidente e elas não precisam usar burcas! Ao menos nasceram num país em que as meninas não são deixadas no hospital por serem um desgosto para seus pais, como acontece na China. E, melhor ainda, não terem nascido em alguns países da África, onde seus clitóris são navalhados... Nada de prazer! As meninas brasileiras podem-se considerar garotas de sorte! Mas, advirto: se gostarem de futebol, usarem cabelo "joãozinho", em vez de rosa, roupa preta, piercings, tatoos... não serão vistas com bons olhos. Falo de cadeira, com propriedade de quem convive com  500 crianças em um turno escolar.

Já com os meninos, a pressão é bem maior. Garotos para serem machos, têm que ser "pegadores". Precisam falar alto e grosso. Palavrões são sempre muito bem-vindos. Bebida alcóolica é sinal de grande macheza, principalmente se beber até cair. Sair dirigindo o carro do pai, mesmo sem carteira, nossa! - que bravura! Aplausos. Mesmo que o pobre rapaz arrebente com o veículo no primeiro poste da esquina... Pelo menos, era macho. Gostar de futebol é condição sine qua non para ter o passaporte carimbado no roll da macheza imperialista e absolutista.

Ai do garoto que ousar ser diferente! Todos apontarão e dirão: é gay! "Como os pais não percebem isso, gente!?" . Pois é. Os garotos diferentes são taxados de gays. Nada contra os gays e nem é para eles este post. Mas só pelo fato de um menino não gostar de futebol, não escarrar e cuspir no chão, não bater no colega e não sair "comendo" todas as menininhas, "jogam" no outro time. Idem para as meninas não-barbies!

Enquanto a intolerância ao diferente (xenofobia) se mantiver apenas em níveis de discussões preconceituosas, ainda haverá uma chance de esclarecer que os tempos são outros e ser diferente é ser normal. Porém, se o nível de intolerância partir para a agressão e assassinato, como aconteceu recentemente em São Paulo, é hora de parar tudo! Até quando veremos nossos jovens serem espancados ou até mesmo mortos por não serem pasteurizados?

Como Mãe e como Educadora, gostaria de deixar esta reflexão para você, leitor. Pense na forma como está sendo conduzida a criação do seu filho, seu irmão, seu sobrinho, enfim, fique atento, pois um dia a nossa indiferença e omissão poderão nos trazer momentos de muita dor. É isso.

Por Christiane B.

3 comentários:

  1. Muito invariavelmente nas ditas famílias de machões, onde existe o preconceito, a violência, a falta de amor, de Deus, de diálogo, de entendimento e de compreensão, surgem essas vítimas em potencial,que também raramente conseguem se encontrar na vida.

    Boa escrita, muito bem.

    Humberto.

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