domingo, 23 de fevereiro de 2014

Uma experiência de Fé



Hoje eu quero dar um testemunho. Um testemunho de fé. Há muito tenho tido vontade de escrever sobre isso – sobre templos e sobre fé. Quero também falar sobre padres e professores. Os padres e os professores têm mais em comum do que se possa imaginar. Ambos exercem seu “sacerdócio” diante de uma plateia, ou assembleia, como queira. Sou professora, por isso sinto-me à vontade para fazer tal comparação. A gente sabe que um aluno aprende muito mais quando cria laços afetivos com seu mestre. É legítimo dizer que o aprendizado começa a partir do amor. Entenda-se aqui a palavra amor no sentido amplo. Começa-se por amar aquilo que se faz. Padres precisam gostar de serem padres. Professores necessitam gostar de serem professores. Ao exercício do pároco, dá-se o nome de sacerdócio. Mas ser um magistrado não é um sacerdócio, é um dom. E dom nem todo mundo tem. Talento para ensinar e para evangelizar é para poucos. Apenas alguns escolhidos e acolhidos pelo Espírito Santo são dignos deste oficio. 

Igrejas e escolas são locais de aprendizado. Na primeira, a gente aprende sobre a moral cristã. Na segunda, a gente atualiza o conhecimento. Como costumo dizer aos meus alunos: “vocês sentam aí, pegam livros, cadernos e canetas para atualizar todo conhecimento produzido antes de vocês nascerem.” Estudar é atualizar. É não ficar à margem de tudo o que foi descoberto, produzido e criado em milênios de História. Assim também aprendemos na Igreja. Ensinam-nos a História dos homens monoteístas. Contam-nos sobre fatos vivenciados pelos hebreus, os personagens principais das Sagradas Escrituras. Ensinam-nos a amar e a perdoar. Ensinam-nos? Bem, alguns tentam. Uns conseguem, outros não. Uns agregam, outros nos afastam. Afastam-nos do templo sem, todavia, nos afastar da nossa fé. Porque como existem péssimos professores, existem padres lastimáveis. Assim como existem mestres que amam seus alunos e fazem de tudo para que aprendam todo o conteúdo da sua matéria, esforçando-se em buscar alternativas de aprendizado, acolhendo aquele aluno com mais dificuldade, trazendo a família para fazer uma parceria, há também aqueles que desprezam, castram a imaginação da garotada, faz pouco caso da profissão relegando seu descontentamento ao baixo salário. Porém, continua lá, insatisfeito, mal-humorado, mau professor. Com esses nada se aprende. Costuma-se até tomar ojeriza pela escola. 

Da mesma forma acontecem nas igrejas. Um padre é capaz de arrastar multidões – como os padres midiáticos – e também há aqueles que são capazes, infelizmente, de afastar os fiéis. Agindo como professores mal-humorados, esses sacerdotes utilizam do único momento livre da missa – a homilia – para nos pregar na cruz. São incapazes de dizer uma palavra de acolhimento, são, alguns deles, inábeis para explicar as leituras do dia, colocando-as na atualidade e fazendo com que nós, leigos que mal sabemos procurar os livros da Bíblia, nos sintamos cada vez mais ignorantes e afastados da palavra de Deus. Eu tenho 43 anos e já frequentei muitas paróquias. Tive a oportunidade de conviver com padres de todo o tipo – soturnos, alegres, carismáticos, antipáticos, sábios e tolos. Houve um tempo em que me afastei da igreja. Desacreditei. Coloquei em cheque seus ensinamentos, porque eu não via a teoria associada à prática. Entretanto, a idade vai abrandando nossas expectativas de pessoas perfeitas. E, se as religiões falham, é porque os homens são falhos. Se os alunos fracassam, é porque os professores fracassaram. Então, depois de muito quebrar a cabeça, voltei a frequentar a igreja católica. Vi que a minha fé não fora abalada durante o período de ausência. Não era o templo, não eram os padres, era somente eu e minhas dúvidas. Percebi, também, que algumas coisas não mudam nunca, como pessoas que não sabem ensinar, não sabem ser missionários, não sabem ser catedráticos. Há professores e padres que somente sabem ensinar olhando por cima, nunca se aproximam dos seus pupilos. É um ensinamento distante, frio, evasivo, cansativo. 

Mas Deus, na sua infinita misericórdia, coloca em nossas vidas pessoas abençoadas. Professores competentes, atualizados, leves, engraçados... Por seus alunos, amados. Deus coloca nas nossas vidas padres fantásticos – competentes, atualizados, leves, engraçados... Por seus fiéis, adorados. Quem na vida nunca encontrou um professor e um padre assim, não sabe a alegria que é poder aprender sem sofrer. Desconhece a doutrina da pedagogia do amor. Se Jesus morreu crucificado para nos salvar, decerto é porque Ele gostaria que nós não sofrêssemos também!  O filho de Deus é a luz do mundo! E Ele queria que nós fôssemos o sal da Terra. A clareza e o tempero na medida certa da vida. E o meu testemunho termina aqui, quando hoje, chegando a casa após uma missa maravilhosa, me senti comovida e, de certa forma, abençoada para escrever sobre essa experiência que há muito não sentia. Que Deus continue abençoando o novo padre da nossa Igreja – o padre José. O professor que sorri com os olhos! Amém!


Um comentário:

  1. Algumas experiências devem ser incorporadas em nossas vidas por toda a nossa existência, por serem elas tão boas obviamente, e outras devem ser excluídas também por toda a nossa vida. O motivo também obviamente é claro. Evitemos o máximo olhar por cima quando fizermos algo, também não olhemos somente por baixo, sempre que conserguir-mos olhemos no mesmo nível que todos, pois somos todos verdadeiramente iguais perante a Deus.

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