Amanda Gurgel é o nome dela. Professora de uma escola pública estadual do Rio Grande de Norte, esta bravíssima nordestina soube aproveitar da máxima: estar no lugar certo, na hora certa. Sim, o que Amanda disse virou febre na internet, tema de discussão nas principais tevês abertas, fóruns nas redes sociais da web. Mas, afinal, o que a professora disse de tão diferente? Nada, ela não disse nenhuma novidade. O diferencial foi sua eloquência e propriedade do assunto que estava tratando - a educação brasileira na berlinda!
Diante dos digníssimos deputados, da secretária de estado e da promotora do RN, a professora foi ao palanque, tomou o microfone e, num discurso de mais ou menos 12 minutos, discorreu sobre as mazelas do ensino público deste país varonil e arrancou aplausos tímidos de alguns presentes. Mas a repercussão da sua fala ganharia holofotes jamais imaginados pela simples e articulada docente, que está em greve por melhoria de salário e de condições de trabalho, além de querer ter o direito de se alimentar da merenda que é destinada aos alunos. Merenda esta, proibida de ser servida aos professores, pois a promotora controla pessoalmente se está havendo "desvio" da alimentação das crianças.
Pois é, minha gente. Tudo o que foi dito de forma majestosa pela minha colega de profissão já havia sido propagado aos quatro ventos, de todas as formas possíveis. Mas bastou uma postura serena, sem gritos ou palavras de ordem no meio da multidão, bastaram algumas poucas pessoas presentes e uma câmera na mão, para que uma pequena notável desse seu recado num brado retumbante jamais visto na história recente deste país.
Sim, professora Amanda, nós não seremos as redentoras deste país portando um giz na mão e um quadro negro...em vão!
Sim, professora Amanda, você está certa ao questionar os notáveis deputados se eles conseguiriam manter o alto padrão de vida com um salário de três dígitos no contra-cheque....contra qualquer evidência!
Sim, professora Amanda, quando fazemos greve temos toda a mídia jogando os pais contra nós, pois o jogo de interesses dos poderosos faz com que a sociedade se compadeça dos familiares que não têm com quem deixar seus rebentos para trabalharem quando nós, formadores de cidadãos, estamos lutando por melhores condições de trabalho. É sal na ferida...
Sim, professora Amanda, sua astúcia em pedir à plateia do Domingão do Faustão para aplaudir os colegas grevistas de outros estados me causou espanto. Espantada pela sua coragem! Eles usam você e você sabe usá-los a favor da causa. Uma causadora!
Colega professora, vários tentaram ser ouvidos, só você conseguiu esta proeza. Daqui a uns dias seu vídeo cairá no esquecimento... Mas eu sempre sentirei orgulho de você. Vibrei com cada frase sua, gostaria de abraçá-la e dividir com você a sua dor e a sua indignação. Aqui no sul-maravilha as coisas não são diferentes! Obrigada por ter sido porta-voz de milhões de professores que, ao contrário de você, não tiveram a sorte de serem ouvidos... e aplaudidos!
Para mim a profissão de professor é uma das mais nobres, pena ser pouco valorizada e remunerada. Parabéns a todos os professores que exercem a profissão com amor e responsabilidade!!!
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